domingo, 25 de outubro de 2015

22.10.2015

Acordei nesse dia enjoada, beirando a passar mal - já fiquei preocupada: cinco meses esperando pelo show e o dia chega justamente quando estou ruim? Não, isso não podia acontecer. Depois de passar o dia todo na rua, o que eu mais queria era ficar deitada na minha cama e dormir até o dia seguinte, não estava em clima para show, mas Muse em algumas horas tocaria no HSBC Arena e eu não poderia perder isso. Ao chegar em casa melhorei, mas já sentia cansaço. Saí de casa às 20h42min, ouvindo músicas dos álbuns da banda. 

Há muito tempo não íamos a um show no HSBC Arena e nos últimos meses aquela região está em obra, não sabíamos onde seria o estacionamento, se continuava no mesmo lugar e essas coisas. Eu não estava nervosa ou preocupada com o horário, não costuma haver engarrafamento a essa hora da noite. Mas desde o início da rua do HSBC começou a complicar: olhávamos placas para nos guiarmos, o lugar havia mudado bastante, achei que tinha muito sinal e muitos carros para o espaço das pistas, ou seja, ficamos um tempo considerável parando toda hora e o pior: quando o carro começou a andar, vimos uma placa "Estacionamento HSBC Arena - Última saída" passar. Nós perdemos essa saída. O sentimento de tensão surgiu no mesmo segundo. Faltava menos de uma hora para o show e nós havíamos perdido a saída, sabe-se lá que horas iríamos conseguir encontrar o caminho certo! A solução foi seguir em frente, passando em não sei quantos sinais vermelhos e isso aumentava ainda mais a ansiedade porque não sabíamos o caminho, faltava pouco para o show começar e mal conseguíamos sair do lugar. Após minutos de tensão, enquanto estávamos num desses sinais, vimos alguns carros entrando para a pista da direita, a que teríamos que estar desde a placa que perdemos: foi a solução e conseguimos estar no caminho certo, aquela sim era a última saída para o estacionamento. Muitos carros estavam entrando para o caminho de lá, era uma fila grande de carros parados. A partir de um momento, alguns carros começaram a voltar, como se fosse contra mão, e passou pela minha cabeça a pergunta se o estacionamento do HSBC estaria lotado. Para me tranquilizar, conseguimos entrar, não estava lotado. Com as obras, o tamanho do estacionamento reduziu, entramos pelos portões dos fundos e tivemos que andar um bom pedaço a pé para chegarmos na entrada da arena.

Entregamos os ingressos e entramos pelo lado esquerdo da pista, o que nunca tinha acontecido, achei bem diferente, e já eram 21h56min. Passou de 22h e enquanto esperávamos, eu, N e M tiramos algumas fotos. Eu estava conversando com elas quando ouvi a voz de uma mulher atrás de mim, bem perto, mas achei que não era comigo e também não tinha prestado atenção, mas então a mulher falou de novo e quando eu me virei vi que era uma moça com crachá, pulseirinhas laranjas na mão e perguntou, pela terceira vez, "do you want to go to premium?". Acho que demorei um ou dois segundos para analisar se o que entendi era realmente aquela proposta e eu perguntei - em inglês, claro - se poderia ser nós três, imaginei que poderia ser apenas uma de nós, mas então eu mal perguntei isso e ela entregou uma pulseira da Pista Premium para cada uma e explicou onde teríamos que ir para passar para Pista Premium. Eu estava boba com a situação, com o tamanho da sorte e soltei um "thank you" com uma cara que provavelmente deveria mostrar isso tudo e logo a mulher foi embora.

Pela primeira vez na minha vida eu entrei na Pista Premium do HSBC Arena: um setor que sempre quis ir para saber como é, mas como sempre colocam o preço bem caro e a divisão com a Pista Comum é quase no meio da arena, nunca acho que vale a pena - mas dessa vez eu fui de graça! Só para contextualizar: a inteira de lá era R$700. Nós três ficamos encantadas com a distância que estávamos no palco, muito perto e sem aperto. Esse show não esgotou porque os ingressos estavam muito caros, então convidaram algumas pessoas lá para a Premium para não ficar um vazio, mas também não estava tão vazio assim, todo show tem a parte de trás da Premium vazia. 

Quando deu 22h28min, as luzes apagaram. Começou a gravação do sargento de Psycho, a banda entrou e logo depois a música começou! Me sentia como na primeira vez num show do Muse, porque no Rock in Rio de 2013 eu precisei sair no meio do show, no meio de Madness, eu não conhecia as músicas, então não tinha como aproveitar muito. Pulei bastante nessa música e algo que reparei foi que na minha visão não tinha uma massa de pessoas pulando porque eu estava muito perto do palco: não eram todos da Premium que estavam pulando, os mais animados estavam mais perto da grade, então eu olhava para trás e via bastante gente pulando lá na Pista Comum. Achei interessante e estranho eu reparar essa falta de pessoas na minha frente, porque eu adoro a visão de todos estarem pulando juntos, mas eu mesma pensei comigo naquela hora que é muito melhor estar mais perto do palco do que vendo fãs pularem na minha frente. O som do HSBC Arena sempre é bom, a música foi ótima, estávamos cantando até o som da guitarra com "ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh-ôh". A segunda do show foi Reapers. Esse último álbum não tem tantas músicas que achei muito boas, a única que me ganhou de primeira foi Psycho, então acabei não conhecendo tanto, mas alguns dias antes do show dei uma olhada no setlist de quando foram na Argentina para ter ideia de quais músicas novas eu deveria conhecer e encontrei essa. O início não me agrada tanto, mas o que mais gosto na música é o solo da guitarra. No show, gostei da parte do início "killed by drones", o solo da guitarra e, principalmente, os minutos finais quando começa o solo do baixo, "here come the drones", foi muito bom, principalmente por estar bem alto. A terceira música foi Plug in Baby, a música que me deixou com muita vontade de ouvir ao vivo desde que vi como foi no DVD, com todos os fãs cantando junto. Quando a guitarra começou, pulei como pipoca porque era finalmente minha vez de ouvir essa música ao vivo! Adorei e achei que passou muito rápido. Em seguida, veio The Handler, a segunda que eu mais gosto do último álbum, o jeito que ele canta com a guitarra, é muito legal. Eu desconfiava se Matt cantaria junto com a guitarra, por ser ao vivo, mas me surpreendi, cantou tudinho. A parte que mais gosto, o solo da guitarra, foi ótima, adorei ouvir bem alto. The 2nd Law: Unsustainable veio para acalmar um pouco, mas gostei de ouvir ao vivo, nesse momento do show eu já tinha pulado bastante. Dead Inside é uma das músicas novas que não ligo muito, acho normal, mas cantei tudo e vi que combinaram um flashmob de usar lanterna do celular na parte que vem depois do segundo refrão, mas fiquei com preguiça de pegar meu celular só para isso e tive a impressão de que nenhum da banda estava olhando - essa mania de cantar e tocar de olhar fechados. Hysteria veio para me fazer pular tudo de novo com direito a jogar cabelos e tudo. O efeito de luzes que colocaram combinou muito, todos cantando o ritmo da guitarra, foi muito bom. Muscle Museum é uma música antiga, que eu não gosto, porque Muse bem no início não me conquista muito, acho o refrão dessa música feio, barulhento, não sei - mas várias pessoas cantaram bastante no show. Depois veio Apocalypse Please e me surpreendi porque eu gosto dela, mas nunca imaginei que a escolheriam para tocar num show, então achei legal ouvir ao vivo. O Matt estava no piano e foi bem ruim enxergá-lo, o piano estava muito atrás no palco. Quando essa música acabou, começaram a tocar um "Munich Jam", de bateria e baixo, sem o Matt, foi bem show de rock, gostei. E então, depois de dois anos, eu poderia ouvir Madness ao vivo inteira. Lembrei bastante do Rock in Rio 2013, mas dessa vez eu sabia cantar, dessa vez eu já era fã de Muse, dessa vez eu não iria embora antes do show acabar. Cantei a música inteira e cheguei a ficar arrepiada, não lembro quando, mas provavelmente na parte de "I need your love" porque para mim é a parte mais linda da música. Para agitar de novo, Matt começou com um solo na guitarra que eu reconheci pelo tom, acorde, não sei o que, mas eu sabia que viria Supermassive Black Hole e veio! Pulei demais e também lembrei do RiR 2013 porque era a única música deles que eu conhecia. O bom dessa música é que todos parecem cantar com mais vontade, pulam mais - e eu adoro isso tudo. Time Is Running Out veio depois, eu gosto dessa música, mas não sabia que tanto a ponto de pular quase que inteira. Quando veio Starlight fiquei um pouco surpresa e com medinho de já ser a última porque já terminaram show com ela, mas acho a música uma gracinha, cantar "our hopes and expectations, black holes and revelations" com todos foi legal e para minha sorte não foi a última do show. Uprising foi escolhida para ser a falsa última, não coloco para ouvir muito, mas gosto e no show foi ainda mais legal. No final soltaram bolas pretas grandonas, para os fãs ficarem jogando para cima. Eu estando na Premium vi minha chance de encostar em pelo menos uma bola - sempre gosto de encostar nessas coisas de interagir com o público -, mas incrivelmente eu não consegui nenhuma. Enquanto o povo ainda tentava estourar a bola - saía papéis picados -, a banda já tinha saído do palco, mas acho que todos se encantam com essas coisas e continuavam jogando ou tentando estourar. Fiquei na duvida se o show tinha acabado ou não, mas então a banda entrou - e ainda tinha uma bola para ser estourada, achei isso engraçado.

Começaram a tocar Mercy e achei uma palhaçada porque eu não acho essa música nada demais e não mereceria mesmo ser a última, além de que eu estava esperando por Knights of Cydonia - acho que essa música era a que eu mais esperava ouvir ao vivo, de todas. Mas se era para Mercy ser a última música do show, eu estava começando a tentar me conformar, só me restava cantar, principalmente quando lançaram os confetes, papel machê, o que sempre jogam quando shows terminam, entendi que seria apenas essa e o show acabaria. Fiquei feliz porque pelo menos um pedação desses papéis veio parar na minha mão, então era uma recordação do show para eu levar. Quando a música acabou, a banda não saiu do palco e isso chamou minha atenção, só apagaram as luzes. Nesse momento falei para M que eu ficaria muito boladona se não tocassem a que eu queria, e nesse exato momento, a gaita começou e eu tive um treco: comecei a gritar, poucas pessoas fizeram isso, mas só grita quem sabe qual é a música que vem - se não fosse o DVD eu não saberia qual tocariam. Assim que terminou a gaita, gritei ao mesmo tempo que o Matt "aaah aaaah aaaah", com toda vontade e ansiedade, os braços para cima, já me preparando para pular e quando chegou a parte da guitarra eu finalmente pude sentir que estava ouvindo aquela música ao vivo, cantando num show do Muse, com todos os fãs juntos e haja fôlego para pular na introdução! Coloquei a prova toda minha disposição, fui vendo que as pessoas foram parando de pular, mas eu não podia parar logo, porque era A música. Eu aproveitei demais, é uma das sensações de quase estar numa festa, gosto demais de Knights of Cydonia e essa sim foi a última, digna de encerrar um show. Quando acenderam as luzes eu estava muito suada, cansada e agitada, mas aproveitei muito o show, ainda raciocinava a sorte que tive de conseguir ficar tão perto deles.

O show foi muito bom, senti como se fosse meu show de estreia do Muse, e se parar para pensar é verdade porque foi a primeira apresentação sem ser de festival aqui no Rio. As músicas passaram muito rápido de tanto que eu estava gostando. O setlist foi bom, mas podiam ter incluído Supremacy e Resistance no lugar de algumas músicas novas. Já espero pelo próximo show deles!

Setlist do show

1. Psycho
2. Reapers
3. Plug In Baby (extended outro)
4. The Handler
5. The 2nd Law: Unsustainable
6. Dead Inside
7. Hysteria (Vuilstamen riff + AC/DC's '… more )
8. Muscle Museum
9. Apocalypse Please
10. Munich Jam
11. Madness
12. Supermassive Black Hole (The Jimi Hendrix Experience's… more )
13. Time Is Running Out
14. Starlight
15. Uprising (extended outro; with hullaballoons)
Encore
16. Mercy (w/ confetti)
17. Knights of Cydonia (Ennio Morricone's 'Man With a Harmonica' intro)

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