terça-feira, 27 de novembro de 2012

A última manhã

A luz da manhã entra pelo quarto mais uma vez. As cortinas balançam com o vento. Coloco meus pés no chão frio, um pouco desorientada com a quantidade de sono que ainda permanece em mim. Entro no banheiro mais uma vez e encaro a água quente do chuveiro. Tudo como sempre foi, mas dessa vez eu sei que é diferente. Como isso pode ser igual e, ao mesmo tempo, diferente das outras vezes? Eu sei. Porque é a última vez, o último dia do que sempre faço - há muito tempo. Tomo meu café da manhã, escovo os dentes. E é agora. Agora que vem o que me incomoda. Esta é a última vez que eu coloco esta camisa. A sensação é estranha. A 'última vez' é de assustar. Mas a coloco sabendo que preciso aproveitar o máximo possível deste último dia com esta camisa. Chego ao lugar em que, em menos de seis horas, vou me despedir, e não apenas do lugar, mas de tudo o que ele representa. Olhares, abraços e lágrimas são compartilhadas entre os que, assim como eu, sabem o que aquelas últimas horas representam. Sabemos que não teremos mais aquela certeza de nos encontrarmos como sempre. Pode ser É tristeza, mas não apenas isso, também há, no ar, a sensação do desconhecido, a ansiedade do que está por vir. Mas o futuro não é algo muito pensado por nós agora, pensamos em aproveitar o que estamos vivendo, viver uma coisa de cada vez. Tudo tem seu tempo, e infelizmente, o tempo do que vivemos agora, acabou.

Nenhum comentário: