domingo, 15 de dezembro de 2013

A menininha

Uma menina vivia no melhor dos mundos, feliz, nada a incomodava - mas um dia resolveu sair de seu conforto para conviver com duas pessoas. Muito bem, feita essa escolha, a convivência era divertida, mais harmoniosa quase impossível. Mas esse era outro mundo, ingenuidade demais pensar que permaneceria assim o muito que ainda estava por vir. Conforme o tempo passava, a menininha passava por situações que a deixava mais atenta a alguns pontos, informações eram armazenadas, acontecimentos guardados na memória e toda aquela pureza iniciou sua leve partida. Sofreu repressões de pessoas que amava, destruíram seu coração em milhões de pedaços, mas tudo bem, isso era tudo que conhecia do amor. Acostumou-se com o que escutava, absorveu tudo e apropriou como verdade. Estranho era quando discordavam dessa verdade, afinal uma verdade não abre espaço para outra verdade. Como uma chance de mudar sua visão, apareceu alguém e mostrou-lhe o lado que ainda não havia conhecido. Fascinada com a descoberta, fizera mais do que deveria e entrou para a prisão de si mesma. Lugares mudavam, pessoas mudavam, mas ela continuava presa. Por vezes possuía uma visão de liberdade, entretanto tudo não passava de uma miragem. Junto a longa hospedagem carcerária, castigos surgiram e surpresas desagradáveis a surpreenderam - a menininha deu seu jeito para passar por isso. Após essa grande temporada, novas miragens eram criadas, cada vez com mais frequência, até que finalmente era a hora de sua liberdade. A sensação era ótima, ela já não sentia mais peso nas costas. Pôde enxergar o mundo com a magia que havia em seus olhos antes de a impedirem de ser livre. Além do reencontro com sua liberdade, também reencontrou o amor - mas já não era ingênua para acreditar em algo como isso, mantinha-se desacreditada e distante da possibilidade de cair nessa armadilha novamente - suas experiências não haviam sido muito boas. Porém, a já não tão menininha não obteve sucesso em seu distanciamento e acabou, mais uma vez, entrando na aventura do amor. Desta vez, descobria mais e mais, esse contato maior com a liberdade lhe gerou um sentimento de renovação. A menininha continuava a se aventurar pelo mundo. Novas repressões começaram a surgir, mas oposto às suas atitudes anteriores, desta vez as repressões davam-lhe maior certeza de que não poderia continuar a fazer o que sempre fez, desta vez, incentivavam a não colocar seus pensamentos e desejos atrás do que lhe era dito. Aprendia a se impor mais. 

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